PEGADAS NA AREIA

" Uma noite eu tive um sonho...

Sonhei que estava andando na praia com o Senhor

e através do Céu, passavam cenas da minha vida.

Para cada cena que se passava, percebi que eram deixados

dois pares de pegadas na areia;

Um era meu e o outro do Senhor.

Quando a última cena da minha vida passou

Diante de nós, olhei para trás, para as pegadas

Na areia e notei que muitas vezes, no caminho da

Minha vida havia apenas um par de pegadas na areia.

Notei também, que isso aconteceu nos momentos

Mais difíceis e angustiantes do meu viver.

Isso entristeceu-me deveras, e perguntei

Então ao Senhor.

"- Senhor, Tu me disseste que, uma vez

que eu resolvi seguir-Te, Tu andarias sempre

comigo, todo o caminho. Contudo, notei que

durante as maiores atribulações do meu viver

havia na areia dos caminhos da vida,

apenas um par de pegadas. Não compreendo

porque nas horas em que mais necessitava de Ti,

Tu me deixaste sozinho."

O Senhor me respondeu:

"- Meu querido filho. Eu te amo e

jamais te deixaria nas horas de provação

e sofrimento.

Quando viste na areia, apenas um par

de pegadas, foi exactamente aí que nos braços te carreguei."

Memórias.

Hoje lembrei-me de ti , como ontém e amanhã.
Quando o meu eu era teu
E através de ti existia.
No tempo dos sonhos
Há um dia do calendário que me diz -saudade.
Há a memória do coração .
Tatuagem , emoção.
Onde estarás ,
Quem agora  tu serás?
Será que o teu eu também tem sede do meu ?
Triste a ironia de sabermos os dois , que só matando o nós
O Eu , passou a ter voz.
Que só adiando o nós para depois
Poderia a Vida
Fazer crescer os dois.
Hoje, só hoje.
Deixei que o meu Eu.
Sentisse a falta do teu.

Soneto a quatro mãos -Vinicius de Moraes.

Soneto a quatro-mãos




Tudo de amor que existe em mim foi dado

Tudo que fala em mim de amor foi dito

Do nada em mim o amor fez o infinito

Que por muito tornou-me escravizado.



Tão pródigo de amor fiquei coitado

Tão fácil para amar fiquei proscrito

Cada voto que fiz ergueu-se em grito

Contra o meu próprio dar demasiado.



Tenho dado de amor mais que coubesse

Nesse meu pobre coração humano

Desse eterno amor meu antes não desse.



Pois se por tanto dar me fiz engano

Melhor fora que desse e recebesse

Para viver da vida o amor sem dano.



Vinícius de Moraes

Inês diz lá á mãe amor.

Há coisas inesqueciveis e momentos únicos.
Não, isto não é um saudoso anúncio da familiar Kodac.
É antes a verdade do que é usufruir da existência dum ser como a minha filha.
Estavamos a jantar , que isto por muito k se queira ser espiritual, a barriguinha pede consolo, ah pois é.
E nesse dia eu estava particularmente vulnerável e receptiva à Energia Universal.
Tinha confeccionado peixinho cozido com batatinha, cenoura , ovo e bróculos.
A pedido da Inês.
Logo aqui vocês devem achar ,( tal como eu) que a Inês é um ser cósmico numa etapa mais avançada da evolução porque a Inês não pede hamburguers com batatas fritas para almoçar.
Não sei se foi do antidepressivo ( que nesse dia terá demorado mais tempo a fazer efeito.. ) , dei para mim a perguntar com voz doce , tranquila e misteriosamente esotérica:
-" Ó Inês diz á mãe amor , tu és Indigo , Cristal ou das Estrelas( que para quem não sabe são designações new-age que caracterizam uma nova geração de crianças de particulares características e cósmicos saberes ).
Resposta da Inês: (não sem antes ter franzido o sobrolho , desconfiadamente )
-Epá ó mãe, que livros é que os senhores te emprestaram agora lá na biblioteca ?
Vá diz lá o que é que andas a ler de novo...desta vez.
Ri-me com ela , para ela e por ela.
Desconcertadamente.
Resposta humoristicamente perfeita , de fazer corar de inveja os Gato fedorento ou os Comtemporâneos .
Não sabia que isto do humor era genético.
Mas fiquei com a certeza.
De ter uma filha muito especial , seja Indigo, Cristal , das Estrelas ou deliciosamente terra-a-terra.

Muse - Uprising [OFFICIAL VIDEO]

Roxy Music - More than this

O fascínio da Idade Média

A mais extraórdinária época da História exerece em mim uma intensa e inexplicável atracção.
Explicável apenas se me focar na possibilidade da existência da reencarnação e da bagagem de memórias difusas e estranhas coincidências.
Tudo mexe comigo e não é apenas o devaneio da lúxuria esfusiante, de cavaleiros corajosos e da místicas sabedorias, de que Merlin era protagonista.
São os bosques , verdejantes , a natureza Sacra.
A luta pela sobrevivência e as paixões que vibram no corpo.
A sensação intensa de estar viva e de tudo estar bem e de a vida ter um propósito.
A ousadia imbuída de serenidade.
E a intensa certeza de um sentido maior.
Se a isto se chama FÉ ?
Talvez...

Excalibur 2 Gregorian-Voyage , voyage

Excalibur

O mistério de Excalibur
Celtas-Brasil - "Conta essa versão que Uther Pendragon estava sendo perseguido por inimigos que lhe armaram uma emboscada e antes de morrer fincou a sua espada mágica numa pedra e disse que o próximo rei seria quem a retirasse desta pedra. Para satisfazer suas vontades de se transformarem em rei, todos os grandes guerreiros tentaram, e passaram a organizar torneios anuais onde o vencedor receberia a chance de tentar retirar a espada mágica da rocha. Arthur, nessa época, era criado por Ectório e era o seu filho mais novo (de criação) e ele, como acontecia na era medieval, era o Pajem de seu irmão mais velho Cai. Numa dessas batalhas Arthur perdeu a espada de Cai e quando viu a espada encravada na rocha retirou-a e levou-a a seu pai. Neste momento alguns se ajoelharam e um outro senhor, Ban da Bretanha, jurou Guerra ao bastardo. Começada a guerra, Arthur imobilizou Ban e pediu para Ban jurar fidelidade a ele. Ban disse que não juraria fidelidade a um rei que não tivesse ainda se tornado um cavalheiro de verdade. E Arthur, sem pestanejar disse: "Estás certo meu senhor, faça-me então cavalheiro e jure fidelidade ao seu rei." Diante disso, Ban não acreditando na coragem do jovem, tomou a Excalibur em suas mãos e fê-lo cavalheiro jurando-lhe fidelidade diante de todos os seus soldados. Assim, Arthur foi feito rei de toda a grande Bretanha."

Viajando no Buraco Negro da Memória

Há um buraco negro na minha memória.
Onde a dor é sugada.
E a alma renovada.
Onde a Física não tem Lei.
Onde o que lá se passa só eu sei.

Há milhões de sinapses desperdiçadas.
E outras tantas que ainda não se deram
Impulsos eléctricos e neurotransmissores.
Intermináveis reacções moleculares em cadeia,
Livres de existirem
Na extrema simplicidade complexa
Do tudo-nada que sou.

Ameno-Era

"Sessão de autógrafos dos D'zrt" ou "o que uma mãe não faz por uma filha "

Sábado.
Calor.
Uma promessa por cumprir, uma tarde sem gastar dinheiro .Um programa feito á medida de uma quase adolescente , com uma dependência crónica de fruta. De Morangos.Com açucar.
E dou por mim na WORTEN, ás 18.00.
A sessão começava ás 18.30.Eles chegaram lá para as 19.30.
Diz-se que por causa do trânsito , da praia e de mais 20 argumentos para acalmar fãs.
Levei as minha sandálias de tacão,e  uns calções pretos.
Não é todos os dias que se vê o Angélico.
A fila andou cerca de 2 metros e meio em 1 hora .
Eu sei porque era a distância entre as máquinas de café da Nespresso e o corredor dos microondas .
Já não aguentava mais as dores nos pés , na coluna , nos rins , na bacia e na Alma.
Olhei várias vezes para as máquinas de lavar roupa e fantasiei.
O que eu não dava para sentar o meu rabo em cima duma delas ou de me encostar 15 segundos a um qualquer electrodoméstico, qualquer coisa que me aliviasse AS DORES!
Foi uma espera sofrida , e uma espécie de Matrix a ouvir as mais diversas histórias..A mãzinha da criancinha da frente veio de Setubal e dizia-me com um sorriso estupidamente confiante que acompanhava a filha para os inúmeros concertos dos Dzrt um pouco por todo o país.
Senti-me inferior e má mãe eu não só não tinha ido a nenhum com a Inês como ainda ás vezes lhe gritava epá põe lá essa merda mais baixo , quando os Dzrt cantam na Rádio.
Além disso a criancinha da frente tinha um livrinho de autógrafos mesmo para o efeito e a mãezinha da criança desfolhou orgulhosa as intocáveis e imaculadas páginas das mais variadas personalidades importantes que ali tinham deixado a sua assinatura .
E eu tinha dito á Inês que levasse o bloco onde a mãe escreve as compras , generosa e gratuitamento cedido pela Sumol, que ainda dizia 2 litros leite , 1/2 kg bananas e um pacote bolacha.
Mas enfim há que viver com o que se tem.
Ao longo da fila havia seguranças e depois de estar em pé há 2 horas e de não aguentar as dores nos pés, ponderei a hipótese de fingir que desmaiava para um dos seguranças me segurar ao colo , mas achei demasiado perverso.
Finalmente chegou a vez, saí da fila , ficou a Inês , porque eu estava com Herpes e não podia dar beijinhos aos D'zrt e não me apetecia ter que dizer aos Dzrt que estava com Herpes.
O Angélico trocou uns olhares comigo e eu com ele , e o Tópê foi um querido , chamou a Inês por Inês e sugeriu tirar uma foto com ele.
Super Humano e atencioso, para com as crianças que heroicamente aguentaram horas para que Sua Excelências dêem um ar de sua graça e rabisquem os seus nomes em papeis que passam  a valer ouro.
Foi assim a sessão de autógrafos dos D'zrt.

Crise de Identidade.

O Eu.
Essa entidade misteriosa , plural e única.
Somos tantos num só.
E ás vezes temos vida que dava para encher de sopro dois ou três.
E outras vezes gostávamos de" poder morrer de nós próprios ", e ressuscitar num outro Eu.
O tal que ambicionamos Ser e nunca somos.
O que precisa de existir e se anula.
O que tem tudo o que temos e ainda não fomos .
Porque quando a Alma se experiência no Todo é livre e o Eu mais verdadeiro.
Como num Orgasmo.
No Choro ou num Grito.

Mães Guerreiras

MÃES são guerreiras.
E Mestres.
Desde as sopas e seus legumes e nutrientes á dose exacta de Brufen ou Ben-uron.
São uma espécie de Alquimistas.
Têm o conhecimento de experiência feito da quantidade exacta de vitamina C , que há em meio copo de sumo de laranja, e em quantos dias se resolva uma crise intestinal.
Guardam as suas dores porque as nossas são mais importantes.
Amam os nossos filhos como se delas fossem , porque ainda não cortaram o seu cordão umbilical comnosco nem nunca o irão fazer.
Simplesmente porque não conseguem .
Erguem a espada do Amor e da Firmeza, e lutam corajosamente para que possamos ser humanos e funcionais.
São assim as Mães .
Deusas.
Guerreiras.
Rainhas.

Oração da Serenidade

Para ti Mãe , que estás neste momento a ser operada.

Deixo-te aqui 1 palavra , que lerás depois ou não .
Há muito que te zangaste com Deus e que o retiraste da tua vida, mas como eu sei que  Ele está contigo e porque falo com Ele e O ouço digo-te com um sorrizo de certezas feito -Vai correr tudo bem.
Porque as Mãos dos médicos são instrumentos com que Ele trabalha , porque os olhos deles são os olhos D' ele e através Dele tudo acontece.
Estavas com Sono , e com uma grande pedra que os Anestesistas são uns bacanos, para a pôr a malta no Relax.
Mãe , vai correr tudo bem.
Tu não sabes.
Mas eu sei.

Deixei-te ir.

Deixei-te ir antes que fosses meu.
Deixei-te ir porque me conheço
Porque não te sabendo deixei que me soubesses.
Porque me estranho quando não me tenho

E me desnudei crua
Porque quase fiquei nua
E não sei viver assim
Nem com o Não , nem com o Sim.
Deixei-te ir com Medo.
Do meu mais profundo segredo e de tudo o que daí viria.
Deixei-te ir , mas não com alegria..
A solidão é uma catedral.
Onde não entras
Porque nem crente és
Onde o desconhecido
não me agarra pelos pés.
Onde tudo é mais previsivel.
Não há risco , nem Emoção
Só a certeza no coração
Que o melhor
Era deixar-te ir.