Nos momentos em que o tempo pára e nós também, podemos observá-lo no rosto sério e no olhar de todos quantos a saúde se lhes escapa. Não queremos falar sobre a imensa fragilidade do corpo , como se silenciar a voz sobre o assunto fosse garantia que todo esse mal só acontece a um outro que nunca nós.
Sendo portadora de Lúpus , vejo-me obrigada a fazer análises com regularidade e é nos Hospitais que vejo que Deus trabalha a tempo inteiro , sem direito a folgas nem fim de semanas.
Foi com lágrimas nos olhos que assisti a uma doente com uma cicatriz enorme , resultante de uma operação que lhe condiconava alguma mobilidade , a ajudar com enorme prontidão um casal de avançada idade a sentar na cadeira de rodas a senhora , porque segundo a mesma , já tinha trabalhado em tempos com doentes e a cadeira tinha os seus truques - " Sabe como é , quem aprende nunca esquece "...
Respirei fundo , admirando toda aquela bondade e acreditando que há milagres a acontecer ao nosso lado todos os dias , num mundo de pressas e caras fechadas , onde não sabemos o nome do nosso vizinho do lado e onde urge acordar do sonambulismo emergente do fazer , para nos reconectarmos com o estado de apenas "Ser".
Todos os dias , só um pouco mais...humanos.
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