segunda-feira, 5 de março de 2012

Alma Nua -poemas soltos II

OUTONO
Reclamo a presença do infinito no vazio do olhar.
Deixo-me levar pela brisa que não conheço num tempo distante que nunca existiu.
Sou inteira por dentro quando me desfaço.
Quando me enlaço sou guerreira , feiticeira , atiro-me no fogo da lareira e ardo.
Corrompo-me na imensidão do desejo..
e a cada sopro que almejo , foge-me a fúria para longe..
Há quanto tempo eles me diziam que eu era de mim... que precisava de vos dizer que NÃO para me respirar num profundo SIM...
São névoas distantes e buracos negros difusos , paralelos perdidos duma aventura perpétua onde a chama é soberana...
Meridianos duma memória contra-atacada numa contagem crescente coerente...
Finalizo-me no estrondo de um grito , rasgo-me por dentro que esta página não é do meu livro, que esse teu abrigo é o meu ...
Danço nua na chuva , no despojo de um corpo que não me pertence mas que tomei de empréstimo sabe lá Deus porquê...
As hostes chamam-me ... o banal e o profano , o divino e o comum , carrocel de dualidades permanentes e preementes...os rebuçados têm o mesmo sabor a pouco, a chuva é irmã das minha lágrimas e a folha daquela árvore na tua rua lembra-me que hoje é Outono..

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